quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Carlos Drummond de Andrade

Ao Amor Antigo

de Carlos Drummond de Andrade

O amor antigo vive de si mesmo,
Não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede.
Nada espera,
Mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
Feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
E por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
Aquilo que foi grande e deslumbrante,
O antigo amor, porém, nunca fenece
E a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste?
Não. Ele venceu a dor,
E resplandece no seu canto obscuro,
Tanto mais velho quanto mais amor.

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