sábado, 1 de setembro de 2007

Arthur Schopenhauer

Se na representação intuitiva a ILUSÃO distorce por momentos a realidade, na representação abstrata o ERRO pode imperar por séculos, impondo seu jugo férreo a povos inteiros, sufocando as mais nobres disposições, e, mesmo quem não é por ele enganado, é acorrentado por seus escravos ludibriados. O erro é o inimigo contra o qual os mais nobres espíritos de todos os tempos travaram uma batalha desigual e apenas o que nela conquistaram se tornou patrimônio da humanidade. Embora tenha dito diversas vezes que se deve perseguir a verdade mesmo quando não se vê nenhuma utilidade nela, visto que pode ser mediata e aparecer quando menos se espera, penso ter de acrescentar aqui que se deve estar do mesmo modo empenhado em descobrir e erradicar qualquer erro, ainda que não se anteveja nele prejuíso algum, porque também pode ser mediato e aparecer quando menos se espera. Todo erro traz veneno em seu interior. Se é espírito, o conhecimento que faz do homem o senhor da terra, então não há erros inocentes, muuito menos respeitáveis ou sagrados. E, para consolo daquele que, de algum modo e em alguma ocasião, despendem força e vida no nobre e difícil combate contra o erro, não posso eximir-me de acresentar: quando a verdade ainda não existe, o erro pode jogar o seu jogo, como as corujas e morcegos o fazem a noite; porém, pode-se até esperar que as corujas e os morcegos empurrem de volta o sol para o leste, mas não que a verdade conhecida e espressa de maneira clara, plena, seja de novo reprimida.
Arthur Schopenhauer

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